segunda-feira, 27 de junho de 2011

Como a maioria das crianças, eu me sentia tratado injustamente pelos adultos. Eles me faziam trabalhar quando o que eu queria era ler ou brincar. Para fugir das lições ou limpar meu quarto, eu usava minha imaginação para inventar mundos mágicos onde não havia nem pais, nem escola.


Mas "O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa" não é o começo da história, nem seu final. Neste artigo, exploraremos as inspirações por trás de "As Crônicas de Nárnia" assim como o próprio mundo de Nárnia. Também faremos uma visitinha à adaptação mais recente para o cinema do mais famoso dos sete livros.

C.S. Lewis devia saber que quase todas as crianças sonham em fugir dos pais e viajar para algum lugar extraordinário. Ele recorreu exatamente a essa fantasia em "O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa", o primeiro livro que escreveu nas "Crônicas de Nárnia". As crianças adoram os livros, que já venderam 90 milhões de exemplares desde sua primeira publicação, nos anos 50 [ref - em inglês].


O mundo de Nárnia

Nárnia é a criação do grande leão Aslam, que a traz à existência como um reflexo do seu próprio mundo, em "O Sobrinho do Mago". Nárnia tem reis e rainhas, bruxas malvadas, animais mágicos que falam e vivem em casas mobiliadas, além de se comportarem como pessoas. Esta é uma terra fria e cheia de florestas, e após a morte da Feiticeira Branca e o fim do Longo Inverno, seu clima torna-se ameno e temperado.
Embora Aslam certamente seja o ser mais poderoso em Nárnia, ele não é exatamente o seu governante. Os reis e rainhas de Nárnia são filhos de Adão e filhas de Eva – isso é, humanos. Todos os humanos de Nárnia vêm diretamente do nosso mundo ou são descendentes de pessoas do nosso mundo. As crianças encontram seu caminho nessa terra com anéis mágicos e passando por portas, guarda-roupas e através de quadros de paredes. Os habitantes de Nárnia e o próprio Aslam também usaram magia para trazer as crianças.

O tempo funciona de um modo diferente em Nárnia – as crianças que a visitam podem voltar um ano depois e descobrir que em Nárnia já se passaram cem anos. Ou, ainda, mil anos narnianos podem passar, enquanto em nosso mundo passaram-se apenas quarenta anos. Em "O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa", as crianças Pevensie crescem em Nárnia, mas tornam-se crianças outra vez quando voltam para casa.


A maioria dos habitantes de Nárnia é formada por animais. Depois de criar Nárnia, Aslam selecionou dois representantes de muitas espécies animais e os transformou em animais falantes. Animais pequenos, como coelhos, ficaram um pouco maiores, e animais grandes, como elefantes, um pouco menores. Aslam incumbiu os animais falantes de manterem a ordem em Nárnia e vigiarem os animais não-falantes. Os ratos, os únicos animais que aprenderam a falar depois da criação do mundo, fizeram isso após mascarem cordas que prendiam Aslam em "O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa".

Além dos animais, uma variedade de criaturas míticas vive em Nárnia, incluindo unicórnios, gigantes, dragões, anões, dríades, centauros e faunos. Muitas dessas criaturas comportam-se como o fazem nos mitos. Outras, particularmente os centauros e faunos, são bem mais nobres e bem comportados em Nárnia.

Como a vida de Lewis influenciou Nárnia

C.S. Lewis não escreveu apenas sobre Nárnia. Além de outras obras de ficção para crianças e adultos, ele era professor de literatura medieval e escreveu várias críticas literárias. Ele era também um admirador do cristianismo, e escreveu e proferiu palestras por rádio sobre a fé cristã.


Diversos eventos em sua vida tiveram influência direta sobre a criação de Nárnia. Nascido em Belfast, Irlanda, em 1898, Lewis e sua família mudaram-se para uma grande casa de campo quando ele estava com sete anos. A casa era cheia de longos corredores e cômodos vazios, e Lewis e seu irmão inventavam mundos de faz de conta enquanto exploravam sua residência. Lewis também era um ávido leitor.

Partes da sua infância foram particularmente infelizes. Sua mãe faleceu quando ele tinha 10 anos e Lewis passou momentos de intenso sofrimento em internatos ingleses. Depois, Lewis foi morar com William Kirkpatrick, um professor particular, seu tutor, que exerceu um papel fundamental em sua educação e desenvolvimento como escritor.

Influências sobre Nárnia

Muitas pessoas associam "As Crônicas de Nárnia" com a Bíblia, especialmente os livros de Gênese, Apocalipse e os quatro primeiros livros do Novo Testamento. A série apresenta temas muito claros de criação, fé, sacrifício, esperança, salvação e triunfo do bem sobre o mal. Embora os livros certamente recorram à fé e aos ensinamentos cristãos, Lewis teve muitas outras influências, e queria escrever livros apreciados tanto por crianças quanto por adultos.

Nárnia começou a formar-se na imaginação de Lewis quando este era muito jovem. Quando criança, ele imaginou um mundo chamado Terra dos Animais, cheio de animais falantes. Ele também criou histórias sobre ratos e coelhos falantes com espírito nobre, que usavam armaduras e combatiam gatos, em vez de dragões. Na adolescência, imagens de uma rainha em um trenó e de um fauno carregando pacotes e um guarda-chuva vieram à sua mente – ambos aparecem em "O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa".


Durante a Segunda Guerra Mundial, muitas crianças foram evacuadas de Londres devido aos ataques aéreos. Algumas dessas crianças ficaram na casa de Lewis em Oxford. Uma delas sentia-se fascinada por um antigo guarda-roupa que encontrou lá, e perguntou a Lewis o que havia atrás e se haveria como sair pelo fundo do móvel. Esse evento real da vida de Lewis, bem como as próprias crianças, deram-lhe a idéia que no fim transformou-se em "O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa".

Diversas personagens importantes assemelham-se a outras pessoas conhecidas de Lewis. A morte de sua mãe provavelmente influenciou "O Sobrinho do Mago", no qual o jovem Digory Kirke pede que Aslam salve sua própria mãe à beira da morte. Digory cresce e se torna o Professor Kirke, o anfitrião das crianças Pevensie em "O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa". Muito parecido com o tutor de Lewis, o Professor usa a lógica e a compaixão quando fala com as crianças sobre o guarda-roupa mágico e sobre o tempo que as crianças passaram em Nárnia. Lewis também usou um jardineiro muito pessimista como inspiração para o desanimado Puddleglum, o Marsh-wiggle em "A Cadeira de Prata".

PS: Na minha opinião, não tem livro melhor.

TEXTO RETIRADO DO SITE HOW STUFF WORKS BRASIL

http://lazer.hsw.uol.com.br/narnia3.htm

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